GIR LEITEIRO

História

O Gir é uma raça zebuína. Portanto, é originária da Índia, das regiões de Gir na Península de Kathiawar. Juntamente com as raças do tipo Misore, ao sul, e as raças das regiões montanhosas, ao norte, é considerada de criação mais antiga.

Os primeiros exemplares da raça Gir, provavelmente, devem ter sido introduzidos no Brasil por volta de 1906, em uma das importações efetuadas por Teófilo Godoy. No entanto, o Sr. Wirmondes Machado Borges, criador no Triângulo Mineiro, afirmou ter sido ele o introdutor da raça em nosso país em 1919. Mais quatro importações da Índia, ocorridas em 1930, 1955, 1960 e 1962, foram extremamente importantes para a formação do Gir brasileiro.

O registro genealógico dos animais é realizado pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) com sede em Uberaba/MG.

Seleção leiteira

Na década de 30, alguns criadores identificaram em diferentes plantéis, exemplares Gir que se destacavam por sua capacidade leiteira. O Gir Leiteiro é resultado da seleção efetuada por entidades governamentais (Em Umbuzeiro na Paraíba e em Uberaba em Minas Gerais na Fazenda Getúlio Vargas) e por criadores particulares nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que fundamentaram seu trabalho dando ênfase na seleção para leite. Formou-se um biotipo especializado, com produções aferidas que permitem distinguir os animais pelo desempenho e por conhecimento do nível de produção de sua linhagem, desde bisavós, avós, mãe, pai, irmãos e filhas. O mérito destes criadores é equivalente ao daqueles que realizaram as históricas importações de zebuínos da Índia. São estes criadores e as estações experimentais que acreditaram e potencializaram ainda mais, aquela aptidão que já era natural da raça desde sua origem: A produção de leite.

Características

O Gir Leiteiro se destaca por sua rusticidade, longevidade produtiva e reprodutiva, docilidade, baixo custo de mantença, facilidade de parto, produção de leite a pasto (excelente conversão alimentar), e versatilidade nos cruzamentos. O Gir Leiteiro reduz os custos nos aspectos de alimentação, medicamentos, assistência veterinária e mão de obra exigida para condução e cuidados com os animais do rebanho.

O Gir Leiteiro expressa seu potencial produtivo com menos alimento e sofre menos com a restrição alimentar, pois sua exigência, seu índice de metabolismo e de ingestão de alimentos é mais baixo em relação às raças taurinas, sendo necessário menor reposição alimentar. Além de suas características produtivas, o Gir Leiteiro é um zebu que se destaca por sua nobreza e beleza racial, além das diferentes pelagens que constituem seu padrão zootécnico.

O Gir Leiteiro também vem se destacando pelo seu bom temperamento leiteiro, seja para a ordenha manual, seja para a ordenha mecanizada. A seleção também vem aprimorando características de úbere, como tamanho dos tetos. Aliadas a isto, a docilidade da raça associada a um bom manejo tornam possíveis a boa exploração do Gir Leiteiro para a produção de leite em larga escala.

Cruzamentos

Quando cruzado com o Holandês, o Gir Leiteiro produz o Girolando, um animal extremamente rústico, de excepcional conversão alimentar e de alta produção leiteira. Também pode ser utilizado em vacas Jersey para produzir o Girsey e no Pardo Suíço que resultará no Giropar, bem como com ambas as raças para a produção de mestiços rústicos e de alta produção.

Melhoramento genético

Entre os fatores que alicerçaram a evolução genética da raça, está o Programa Nacional de Melhoramento Genético do Gir Leiteiro (PNMGL), criado em 1985. Trata-se de um trabalho executado pela Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL – Com sede em Uberaba/MG) em conjunto com a Embrapa Gado de Leite. São objetivos principais do programa, a promoção do melhoramento da raça por meio da identificação e seleção de touros geneticamente superiores para as características de produção, como leite, gordura, proteína e sólidos totais), de conformação e de manejo, bem como da avaliação genética dos animais de todos os rebanhos participantes.

Os dados de produção têm como base, a lactação das fêmeas filhas dos touros avaliados. Anualmente, é divulgada a classificação de touros líderes para estas características, possibilitando aos produtores, a utilização desta genética provada e melhoradora através da inseminação artificial, por exemplo. O PNMGL também desenvolveu um modelo de “vaca ideal”, observando as características funcionais (morfológicas) no que diz respeito à aparência geral relacionada com a função produtiva.